sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

CAMINHO DOS SABERES E SABORES DA NOSSA TERRA.


Esse cordel vai falar
De saberes e sabores,
Sabores da culinária
Saberes dos escritores.
Uma mesa de fartura,
Um espaço de cultura
Para os amigos leitores.

Saberes:
Saberes de Várzea Alegre
Nossa terra promissora,
De Dona Elisa Correia
Que foi ótima professora.
Sem contraste ainda tinha,
A pequeninha Dozinha
Nossa boa educadora.

Foi Edmilson Martins
Conhecido de vocês,
Que por não ter um apoio
Pouco estudou português.
Mas com muita paciência,
Munido de persistência
Foi professor de inglês.

Na arte de improvisar
Não falta bom violeiro,
Tem o poeta Rosendo
Do improviso certeiro.
Que conta com a companhia,
Da segura parceria
De Expedito Pinheiro.

Teve o poeta Bidim
Na arte de improvisar,
Tem Ildefonso Vieira
Na arte de desenhar.
Joaquim Ferreira da terra,
Saiu para a Inglaterra
E lá foi comunicar.

Para escrever um folheto
Não falta bom cordelista,
Tem Gilberto de Zaqueu
E o bom Israel batista.
Para um cordel de saúde,
Doutor Sávio tem virtude
Pra completar essa lista.

José Felipe Afamado
Com a sua capacidade,
Deu carona a nossa terra
Sem faltar com a verdade.
Com o seu jeito gentil,
Viajou pelo Brasil
Com os valores da cidade.

O vate souza Sobrinho
Poeta conservador,
Acumula na cabeça
Muito saber e sabor.
Quando se zanga ele grita,
Mas faz o verso e recita
Com a pitada de humor.

Nosso bom Zé Clementino
Não foi um Zé simplesmente,
Foi atender um chamado
Mas fez muita falta a gente.
No céu faz composição,
Pra Luís rei do baião
Cantar para São Vicente.

O Cláudio Souza é poeta
É ventríloquo e locutor,
Pesquisador da história
Apologista e cantor.
Se alguma criatura,
Quiser saber de cultura
Cláudio Souza é professor.

Na música Nonato Souza
Tem o ritmo de herança,
Toca zabumba e pandeiro
Desde o tempo de criança.
Mas se sobrar tocador,
Ele enrola o promotor
E vai dançar, rala pança.

O escritor Padre Vieira
Que defendeu o jumento,
Fez a defesa no livro
Na igreja e no parlamento.
Morreu levando a certeza,
De registrar a defesa
No santíssimo sacramento.

Os contadores de causos
Vão da noite pra manhã,
É assim com Nicolau
E o professor Ossian.
Dr. Flávio Cavalcante,
Conduz o Blog atuante
Pedra de Clarianã.

Todo final de semana
Tinha festa na ribeira,
O povo se reunia
Nos dias de sexta feira.
Acendia os candeeiros,
Para ouvir dois violeiros
Num banco de aroeira.

Pedro Piau e Acelino
Fizeram uma edição,
Que vem de Papai Raimundo
Até nossa geração.
No livro foi destacado,
Os valores do passado,
Política e religião.

Mas não foi um conterrâneo
Que fez a maior grandeza,
Foi Manoel Cachacinha
Bebendo de mesa em mesa.
Dizia de bar em bar,
Pra quem quisesse escutar
Várzea Alegre é natureza.

Sabores:


Alimento natural
Tem de tudo e mais um pouco,
No mato tem mel de abelha
Que se colhe até em toco.
Da serra vem jatobá,
Vem pitomba, araçá
E até rosário de coco.

O composto do sabor
É feito mesmo com a mão,
É só misturar farinha
Com o cozido de feijão.
Depois de bem misturado,
Com o feijão machucado
É só fazer capitão.

Na festa do padroeiro
Não faltava o aluá,
Era a moeda na mão
E a garrafa pra cá.
No café de Domicilia,
Meu povo fazia fila
Pra comer o mungunzá.

Na manhã era servido
Um ponche de abacaxi,
No almoço baião de dois
Temperado com piqui.
No jantar um pão sovado,
Um ovo bem estrelado
E manteiga benteví

Quem tem dente não dispensa
Um bom roleto de cana,
Não precisa mestre-cuca
Pra doce de cajarana.
Não teve lá um cristão,
Que não gastasse um tostão
Com o alfenim de Santana.

Me digam quem não provou
Nossa boa malassada,
Quem não conhece o sabor
Que tem numa panelada.
Quem não viu numa tigela,
Picadinho de moela
E do lado uma buchada.

Quando chegava o natal
Na casa da minha avó,
Tinha sequilho, manzape,
O chouriço e o pão-de-ló.
Quando era dia de feira,
Tinha lá em Zé Pereira
Um caldo de mocotó.

Raimunda Preta fazia
Espécie de gergelim,
Dona Santana vendia
Mercados de alfenim.
No meu tempo a meninada,
Misturava na calçada
Rapadura e amendoim.

O arroz era escolhido
Pra fazer baião de dois,
Com nata queijo e manteiga
E o cheiro verde depois.
Meu povo nunca negou,
Que foi Deus quem ensinou
A fazer pão de arroz.

A papa de carimã
Minha mãe sempre fazia,
Pros maiores o escaldado
Era todo santo dia.
A coisa que eu estranhava,
Era quando alguém falava
Em tira-gosto de gia.

Gerônimo de Expedito
Bota leite no angu,
Quando vai na farinhada
Come um quilo de beiju.
Chega o final de semana
Ele vai para a Caiana
Pra comer peba e tatu.

Uma coisa de hoje em dia
Que acho muito esquisito,
É que a nova geração
Só quer merendar xilito.
No tempo que eu estudava,
A gente só merendava
Um pão doce ou pirulito.

Num dia de aniversário
Tinha galinha caipira,
Quando chegava visita
Era servido traíra.
Se um menino tava rouco,
Podia tomar um pouco
De um mel de jandaíra.

Quando se abatia um porco
Toda carne era salgada,
O rabo e as orelhas
Ficavam pra meninada.
Vinha vizinho ajudar,
Para um pedaço ganhar
Mas ficava era, sem nada.

Falei aqui do passado
Pra registrar os valores,
Mas no presente também
Tem saberes e sabores.
Nossa terra hoje em dia,
Já possui academia
De poetas e escritores.

Quem leu o nosso cordel
Pode fazer um palpite,
Se gostou da culinária
Aqui vai o meu convite.
Vá em Várzea Alegre um dia,
Pra vê a gastronomia
E tenha um bom apetite.

Mundim do Vale

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